Ahh... não tenta conhecer-me pelos versos meus.
Nem minhas crenças, descrenças, desgraças, amores...
Nem minhas cores... as preferidas minhas.
Não tenta prescrutar-me aos versos meus...
Neles... sou tantas...!
Dou-me a esse direito de ser tudo ou não ser nada.
Através deles podes até passear...
Encontrar-te a ti... para a gratidão minha.
Mas conhecer-me através deles?
Não... Percorrendo-os dentre eles eu...
Nem eu mesma sei quem sou.
Os meus versos são campos de trigo meus
Campos de alfazema cheirosa... e sou criança
E é lugar meu onde deito-me...
Descanso, rio, choro...
Dentro deles eu sou eu mesma.
Mas, por favor, meu amorzinho...
Não prescruta-me dentre eles...
Não encontrarás à mim.
Sou tão menorzinha que eles...
E deixarias, assim, de amar-me tu.
Dá-me a tua mão e passeias apenas entre os versos meus...
Mas conheça-me afora mundo meu.
Conheça-me o que te permito eu.
E ama-me... ama-me... ama-me...
E ponha-me em teu colo…
Embala-me em sonhos…
Assim, existo eu.
Karla Mello
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